Deus está hoje desejoso de restabelecer os doentes... e Cristo é agora o mesmo compassivo médico que era durante Seu ministério terrestre. NEle há bálsamo curativo para toda doença, poder restaurador para toda enfermidade.
Seus discípulos de nossos dias devem orar pelos doentes tão verdadeiramente como os de outrora. E seguir-se-ão as curas; pois "a oração da fé salvará o doente" (Tiago 5:15). Temos o poder do Espírito Santo, a calma certeza da fé, de que podemos reivindicar as promessas de Deus. A promessa do Senhor: "Imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão" (Marcos 16:18), é tão digna de fé hoje como nos dias dos apóstolos. Ela apresenta o privilégio dos filhos de Deus, e nossa fé deve lançar mão de tudo quanto aí se encerra. Os servos de Cristo são os instrumentos de Sua operação, e por meio deles deseja exercer Seu poder de curar. É nossa obra apresentar o enfermo e sofredor a Deus, nos braços da fé. Devemos ensinar-lhes a crer no grande Médico.
O Salvador deseja que animemos os enfermos, os desesperançados, os aflitos a apegarem-se a Sua força. Mediante a fé e a oração, o quarto do doente pode se transformar numa Betel. Por palavras e atos, os médicos e as enfermeiras podem dizer, tão positivamente que não possa ser mal compreendido: "Deus está neste lugar" para salvar, e não para destruir. Cristo deseja manifestar Sua presença no quarto do doente, enchendo o coração dos médicos e enfermeiros com a doçura de Seu amor. Se a vida dos assistentes do enfermo é de maneira a Jesus os poder acompanhar ao leito dele, ao mesmo sobrevirá a convicção de que o compassivo Salvador está presente, e essa convicção por si só fará muito em benefício tanto de sua alma como do corpo.
E Deus ouve a oração. Cristo disse: "Se pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu o farei" (João 14:14). Noutro lugar, Ele diz: "Se alguém Me serve, ... Meu Pai o honrará" (João 12:26). Se vivemos em harmonia com Sua palavra, toda preciosa promessa dada por Ele em nós se cumprirá. Somos indignos de Sua misericórdia, mas, ao entregar-nos a Ele, recebe-nos. Ele operará em favor e por intermédio daqueles que O seguem.
Condições para que a oração seja atendida
Mas unicamente vivendo em obediência a Sua palavra podemos pedir o cumprimento das promessas que nos faz. O salmista diz: "Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá" (Salmos 66:18). Se Lhe prestamos apenas uma obediência parcial, com a metade do coração, Suas promessas não se cumprirão em nós.
Temos na Palavra de Deus instruções relativas à oração especial pelo restabelecimento de um doente. Mas tal oração é um ato soleníssimo, e não o devemos realizar sem atenta consideração. Em muitos casos de oração pela cura de um doente, o que se chama fé não é nada mais que presunção.
Muitas pessoas chamam sobre si a doença pela condescendência consigo mesmas. Não têm vivido segundo as leis naturais ou os princípios da estrita pureza. Outros têm desconsiderado as leis da saúde em seus hábitos de comer e beber, vestir ou trabalhar. Frequentemente é alguma forma de vício a causa do enfraquecimento mental ou físico. Obtivessem essas pessoas a bênção da saúde, e muitas delas continuariam a seguir o mesmo rumo de descuidosa transgressão das leis naturais e espirituais de Deus, raciocinando que, se Ele as cura em resposta à oração, elas se acham em liberdade de prosseguir em suas práticas nocivas, condescendendo sem restrições com apetites pervertidos. Se Deus operasse um milagre para restaurar à saúde essas pessoas, estaria animando o pecado. É trabalho perdido ensinar o povo a volver-se para Deus como Aquele que cura suas enfermidades, a menos que seja também ensinado a renunciar aos hábitos nocivos. Para que recebam Sua bênção em resposta à oração, devem cessar de fazer o mal e aprender a fazer o bem. Seu ambiente deve ser higiênico, corretos os seus hábitos de vida. Devem viver em harmonia com a Lei de Deus, tanto a natural como a espiritual.
Deve-se tornar claro aos que desejam orações por seu restabelecimento que a violação da Lei de Deus, quer natural quer espiritual, é pecado, e que, a fim de receber Suas bênçãos, ele deve ser confessado e abandonado.
Havendo os erros sido endireitados, podemos apresentar as necessidades do enfermo ao Senhor com fé tranquila, como Seu espírito nos indicar. Ele conhece cada indivíduo por nome, e cuida de cada um como se não houvesse na Terra nenhum outro por quem houvesse dado Seu bem-amado Filho. Por ser o amor de Deus tão grande e inalterável, o doente deve ser estimulado a confiar nEle e ficar esperançoso. Estar ansioso quanto a si mesmo tende a causar fraqueza e doença. Se eles se erguerem acima da depressão e da tristeza, será melhor sua perspectiva de restabelecimento; pois "os olhos do Senhor estão sobre... os que esperam na Sua misericórdia" (Salmos 33:18).
Ao orar pelos doentes, cumpre lembrar que "não sabemos o que havemos de pedir como convém" (Romanos 8:26). Não sabemos se a bênção que desejamos será para o bem ou não. Portanto, nossas orações devem incluir este pensamento: "Senhor, Tu conheces todo segredo da alma. Estás familiarizado com estas pessoas. Jesus, seu Advogado, deu a vida por elas. Seu amor por elas é maior do que é possível ser o nosso. Se, portanto, for para Tua glória e o bem dos aflitos, pedimos, em nome de Jesus, que sejam restituídas à saúde. Se não for da Tua vontade que se restaurem, rogamos-Te que a Tua graça as conforte e a Tua presença as sustenha em seus sofrimentos."
Deus conhece o fim desde o princípio. Conhece de perto o coração de todos os homens. Lê todo segredo da alma. Sabe se aqueles por quem se fazem as orações haviam ou não de resistir às provações que lhes sobreviriam, houvessem eles de viver. Sabe se sua vida seria uma bênção ou uma maldição para si mesmos e para o mundo. Esta é uma razão pela qual, ao mesmo tempo que apresentamos nossas petições com fervor, devemos dizer: "Todavia, não se faça a minha vontade, mas a Tua" (Lucas 22:42). Jesus acrescentou estas palavras de submissão à sabedoria e vontade de Deus, quando, no jardim de Getsêmani, rogava: "Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice" (Mateus 26:39). Se elas eram apropriadas para Ele, o Filho de Deus, quanto mais adequadas são nos lábios dos finitos e errantes mortais!
A atitude coerente é expor nossos desejos a nosso sábio Pai celeste e então, em perfeita segurança, tudo dEle confiar. Sabemos que Deus nos ouve se pedimos em harmonia com a Sua vontade. Mas insistir em nossas petições sem um espírito submisso não é direito; nossas orações devem tomar a forma, não de uma ordem, mas de uma intercessão.
Há casos em que o Senhor opera decididamente por Seu divino poder na restauração da saúde. Mas nem todos os doentes são sarados. Muitos são postos a dormir em Jesus. João, na ilha de Patmos, foi mandado escrever: "Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam" (Apocalipse 14:13). Vemos por aí que, se as pessoas não forem restituídas à saúde, não devem ser por isso consideradas sem fé.
Todos nós desejamos respostas imediatas e diretas às nossas orações, e somos tentados a ficar desanimados quando a resposta é retardada ou vem por uma maneira que não esperávamos. Mas Deus é demasiado sábio e bom para atender nossas petições sempre justamente ao tempo e pela maneira que desejamos. Ele fará mais e melhor por nós do que realizar sempre os nossos desejos. E como podemos confiar em Sua sabedoria e Seu amor, não devemos pedir que nos conceda a nossa vontade, mas buscar identificar-nos com Seu desígnio, e cumpri-lo. Nossos desejos e interesses devem-se fundir com Sua vontade. Estas experiências que provam a fé são para nosso bem. Por elas se manifesta se nossa fé é verdadeira e sincera, repousando unicamente na Palavra de Deus, ou se depende de circunstâncias, sendo incerta e instável. A fé é revigorada pelo exercício. Devemos permitir que a paciência tenha a sua obra perfeita, lembrando-nos de que há preciosas promessas nas Escrituras para aqueles que esperam no Senhor.
Nem todos compreendem esses princípios. Muitos dos que buscam as restauradoras graças do Senhor pensam que devem ter uma resposta direta e imediata a suas orações, ou se não sua fé é falha. Por essa razão os que estão enfraquecidos pela doença precisam ser sabiamente aconselhados, para que procedam prudentemente. Eles não devem desatender ao seu dever para com os amigos que lhes sobreviverem, nem negligenciar o emprego dos agentes naturais.
Há muitas vezes perigo de erro nisto. Crendo que hão de ser curados em resposta à oração, alguns temem fazer qualquer coisa que possa indicar falta de fé. Mas não devem negligenciar o pôr em ordem os seus negócios como desejariam se esperassem ser tirados pela morte. Nem também temer proferir palavras de ânimo ou de conselho que estimariam dirigir aos seus amados na hora da partida.
Os que buscam a cura pela oração não devem negligenciar o emprego de remédios ao seu alcance. Não é uma negação da fé usar os remédios que Deus proveu para aliviar a dor e ajudar a natureza em sua obra de restauração. Não é nenhuma negação da fé cooperar com Deus, e colocar-se nas condições mais favoráveis para o restabelecimento. Deus pôs em nosso poder o obter conhecimento das leis da vida. Este conhecimento foi colocado ao nosso alcance para ser empregado. Devemos usar todo recurso para restauração da saúde, aproveitando-nos de todas as vantagens possíveis, agindo em harmonia com as leis naturais. Tendo orado pelo restabelecimento do doente, podemos trabalhar com muito maior energia ainda, agradecendo a Deus o termos o privilégio de cooperar com Ele, e pedindo-Lhe a bênção sobre os meios por Ele próprio fornecidos.
Temos a sanção da Palavra de Deus quanto ao uso de remédios. Ezequias, rei de Israel, estava doente, e um profeta de Deus levou-lhe a mensagem de que haveria de morrer. Ele clamou ao Senhor, e Este ouviu a Seu servo, e mandou-lhe dizer que lhe seriam acrescentados quinze anos de vida. Ora, uma palavra de Deus haveria curado instantaneamente a Ezequias; mas foram dadas indicações especiais: "Tomem uma pasta de figos e a ponham como emplasto sobre a chaga; e sarará" (Isaías 38:21).
"Porque no dia da adversidade me esconderá no Seu pavilhão; no oculto do Seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha. Também a minha cabeça será exaltada sobre os meus inimigos que estão ao redor de mim; pelo que oferecerei sacrifício de júbilo no Seu tabernáculo; cantarei, sim, cantarei louvores ao Senhor" (Salmos 27:5 e 6).
Certa ocasião, Cristo ungiu os olhos de um cego com terra, e mandou-lhe: "Vai, lava-te no tanque de Siloé. ... Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo" (João 9:7). A cura poderia ser operada unicamente pelo poder do grande Médico; todavia, Cristo fez uso de simples agentes da natureza. Conquanto Ele não favorecesse as medicações de drogas, sancionou o emprego de remédios simples e naturais.
Ao termos orado pela restauração de um enfermo, seja qual for o desenlace do caso, não percamos a fé em Deus. Se formos chamados a sofrer a perda, aceitemos o amargo cálice, lembrando-nos de que é a mão de um Pai que no-lo chega aos lábios. Mas, sendo a saúde restituída, não se deveria esquecer que o objeto da misericordiosa cura se acha sob renovada obrigação para com o Criador. Quando os dez leprosos foram purificados, apenas um voltou em busca de Jesus para dar-Lhe glória. Que nenhum de nós seja como os inconsiderados nove, cujo coração ficou insensível diante da misericórdia de Deus. "Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação" (Tiago 1:17).
(Ellen G. White - A Ciência do Bom Viver, pp. 225-233)